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Inflação chega a 1,3% neste ano e preço dos alimentos entra no radar de economistas


Em Campo Grande, apesar da inflação oficial para fevereiro ter fechado com alta de 0,81%, conforme levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o índice auferido para o período é o menor desde 2021. A inflação acumulada, porém, já chega a 1,3% neste ano – 4,92% no acumulado de 12 meses.


É o sétimo mês seguido do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no campo positivo em Campo Grande. Em fevereiro do ano passado, a variação havia sido de 0,54%, resultando em um aumento de 0,27 ponto porcentual (p.p.) na comparação com o mesmo mês neste ano. Enquanto isso, janeiro teve variação de 0,48%.


Para o Brasil, o IPCA também apresentou porcentuais muito parecidos: 0,83% para fevereiro, 1,25% no acumulado bimestral e 4,50% no acumulado de 12 meses. Os economistas consultados pelo Correio do Estado mantêm a expectativa de inflação baixa para o ano, apesar de o índice de 0,81% no mês ser considerado uma alta expressiva na composição anual.


Para os especialistas, apenas uma grande variação no preço dos alimentos pode tirar a inflação de controle. O baixo preço das commodities, entretanto, ainda dá uma certa margem inflacionária nesse campo.


Mestre em Economia, Eugênio Pavão frisa que, como já noticiado pelo Correio do Estado, a influência do clima na produção de alimentos pode impactar negativamente os preços durante o ano vigente.


Neste ano, existe a previsão de alta nos alimentos, em razão das intempéries. As safras serão influenciadas pelo El Niño, com perdas para os países produtores de grãos”, afirma.


Lucas Mikael é outro economista que destaca a preocupação com a elevação dos preços dos alimentos neste ano. “O El Niño, ao afetar as condições climáticas, tem o potencial de prejudicar a produção agrícola e a oferta de alimentos, resultando em aumentos nos custos de produção, podendo ser repassados aos consumidores finais”, explica.


Em contrapartida, a expectativa é de uma certa margem na inflação vinda do grupo de bens duráveis, considerando os efeitos ainda graduais da redução da taxa de juros. Mesmo com as quedas da taxa Selic, é necessário um período para que a população reorganize suas finanças, para que os empresários realizem investimentos e para que a renda disponível comece a se recuperar”, afirma o mestre em Economia.Mais otimista, o administrador Leandro Tortosa acredita que o índice será menor que o do ano passado.


Caso nenhum evento extraordinário ocorra, como o surgimento de uma nova guerra, a inflação de 2024 deve ficar menor que a de 2023. O mesmo deve ocorrer com a taxa de juros, que deve seguir a trajetória de queda e terminar o primeiro semestre deste ano abaixo dos dois dígitos”, opina.


De acordo com o Boletim Focus, análise semanal feita por analistas do mercado financeiro, a previsão para o IPCA deste ano se mantém em 3,9%, isto é, acima do centro da meta de inflação que deve ser perseguida pelo Banco Central (BC).


Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta é de 3% para este ano, com intervalo de tolerância de 1,5 p.p. para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é de 1,5% e o superior, de 4,5%.Para 2025 e 2026, a projeção da inflação também permaneceu no mesmo patamar, em 3,5% para os dois anos. Para ambos os anos, as metas de inflação estão fixadas em 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 p.p.


Motivado pelos reajustes habitualmente praticados no início do ano letivo, o grupo educação foi o responsável por puxar a alta no segundo mês do ano, fazendo com que fevereiro fechasse com aumento de 5,76%.


De acordo com os dados do IBGE, a maior contribuição do segmento veio dos cursos regulares, que apresentaram elevação de 7,09% em Campo Grande. “O grupo educação afeta naturalmente o quadro [econômico], em função da voltas às aulas. Isso é uma característica já prevista para esse tipo de gasto”, reforça o economista Márcio Coutinho.


As mais significativas variações vieram de cursos de idiomas, que registraram alta de 11,37%, seguidos por creches (9,86%), Ensino Fundamental (9,32%), Ensino Médio (9,06%), pré-escola (9,04%) e cursos de pós-graduação (5,91%). Ainda, o item Ensino Superior teve aumento de 4%.


Comparativamente, nos anos anteriores, a Capital também sentiu os efeitos sazonais de fevereiro sobre a inflação. Em 2021, por exemplo, o registro foi de 3,74%, saltando para 5,94% em 2022. No ano passado, o grupo educação atingiu a máxima entre os três anos citados, com aumento porcentual de 6,04%.


Nessa perspectiva, segundo o gerente responsável pela pesquisa, André Almeida, a principal explicação da alta na inflação do mês é a adição nos preços do setor de educação (5,76%), uma vez que em fevereiro deste ano a variação havia sido de 0,54%, conforme apontou o IBGE. Em Campo Grande, nos últimos 12 meses, o IPCA acumula alta de 4,92%, número acima dos 4,64% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.


Entre as 16 capitais pesquisadas pelo IBGE, Campo Grande fechou fevereiro com o nono maior índice, fato que aproximou o índice da Capital ao IPCA nacional de fevereiro (0,83%).


Os preços de sete dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados em Campo Grande tiveram alta em fevereiro.A maior variação, de 5,76% e o maior impacto, de 0,25 p.p., vieram do grupo educação. Outros destaques foram os grupos transportes (0,94% e 0,20 p.p.), alimentação e bebidas (0,82% e 0,18 p.p.) e ainda despesas pessoais (0,96% e 0,09 p.p.).


No grupo alimentação, os principais responsáveis pelo aumento de 0,82% foram a cebola (16,49%), a banana nanica (11,81%), a alface (7,16%), a laranja (6,35%), o arroz (4,46%) e o ovo (3,59%). 


Os preços dos alimentos aumentaram por conta da influência do clima, com temperaturas mais altas e um menor volume de chuvas”, ressalta Mikael em sua avaliação do cenário.


O grupo transportes é outro que tem significativa importância no orçamento das famílias. Nesse caso, a alta de 0,94% foi impulsionada principalmente pela gasolina (3,66%). Os combustíveis como um todo tiveram aumento (3,58%), com participação do etanol (6,1%) e do diesel (0,5%). Porém, a gasolina acumula alta de 12,44% no período de 12 meses, segundo o IBGE.


Evelyn Thamires, Correio do Estado

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